Além de ser um
alimento nutritivo, as bananas e bananeiras podem ser usadas também para: fazer
cerveja (sumo), alimento para animais (fruta verde e seca), anti-séptico para
feridas (cascas), papel (fibras), placas, guarda-chuvas, telhas e
acondicionamento de alimentos (folhas), entre outras muitas utilizações (Bryant, 1997). No Reino Unido, pesquisadores
buscaram uma maneira de aproveitar os restos das bananeiras, de forma a
utilizar as cascas, tronco e folhas para a produção de blocos de material
orgânico combustivel. Esses briquetes
seriam utilizados em países pobres, de forma a substituir a lenha, tanto para
aquecimento de residencias como para o preparo de alimentos. Apesar da sua
queima emitir gases à atmosfera, o reaproveitamento dos restos da bananeira
impede que novas áreas sejam desmatadas (Rothman, 2009).
Os estudos
realizados por Emile Frison, chefe da Rede Internacional para o Aprimoramento
da Banana (França) defende a manipulação genética pois prevê uma ameaça à
banana e acredita que a mesma poderia ser extinta em 10 anos. O motivo? Falta
de diversidade genética para resistir às doenças que atacam as plantações. Curiosamente,
“todas as variedades da banana moderna são descendentes de uma banana mutante
estéril, cultivada na Idade da Pedra”. Dessa forma, a ação de fungos que já
atingem plantações na África, Ásia e nas Américas torna essa fruta vulnerável à
extinção. A Doença (ou Mal) de Panamá,consiste em um fungo que se instala no
solo e destrói as plantações de bananas. Há 50 anos, essa doença destrui a
variedade chamada Gros Michel e no século 19, a variedade de banana descoberta
pelos ingleses, a Cavendish, se mostrou resistente à Doença de Panamá, porém,
está ameaçada por uma epidemia global, já que o fungo reapareceu na Ásia com
outra variação (Jornal da Ciência, 2003; BBC, 2003).
Diante desse contexto, como é
possível avaliar o valor da biodiversidade?
Em 1798, Thomas Malthus publicou “Um ensaio sobre o
Principio da População”, onde defendeu que a população humana tende a crescer
geometricamente enquanto os recursos disponíveis tendem a crescer
aritmeticamente. Dessa forma, a população superaria a oferta de alimentos que
está disponivel para que a mesma pudesse satisfazer as suas necessidades. Em
contraponto aos que consideravam ilimitada a capacidade da humanidade dominar o
ambiente, há mais de 200 anos, Maulthus previu que o crescimento da população
levaria à degradação da terra e consequentemente, fome, guerra e proliferação
de doenças (Bryant, 1997).
De acordo com Bryant
(1997), em setembro de
1999 a população daTerra chegou a 6 bilhões de habitantes e a cada segundo,
três pessoas são adicionadas no mundo diariamente, somando cerca de 87 milhões
de pessoas ao ano. De acordo com Worldometers
(2012), em 24 de março
de 2013 a população mundial já ultrapassa 7,1 bilhões, onde mais de 902 milhões
de pessoas estão subnutridas e aproximadamente 21.400 pessoas morreram por
causa da fome. Por outro lado, Bryant (1997) explica que apenas uma pequena
porcentagem de plantas são atualmente utilizadas para consumo humano, sendo que
90% dos alimentos vem apenas de espécies de arroz, milho e trigo. Dessa forma,
além da população e os recursos crescerem de forma assimétrica, não é conhecido
todo o potencial de utilização, seja para nutritição ou não, das milhares de
espécies da flora e fauna existentes no mundo.
O aumento da população humana sobre a Terra ocorre de
forma desigual, sendo a Africa o continente que mais cresce. Esse rápido
crescimento populacional do planeta gera consequencias sociais como baixos
padrões de vida, desemprego, fome, guerra civil e a destruição do meio
ambiente, especialmente na forma de desmatamento. As pessoas mais ricas tendem
a não se sentirem afetadas pela perda dos serviços ecossistemicos porque
possuem capacidade (recursos) para adquirir
produtos substitutos ou deslocar as suas produções e colheitas para
outras regiões. Por outro lado, os custos e riscos associados à perda de biodiversidade tendem a aumentar,
e a cair de forma desproporcional sobre os pobres (Millennium, 2005). Por exemplo: o
declinio das populações de peixes em uma área reflete diretamente nas
comunidades que dependem da pesca, seja como fonte de proteína, seja como fonte
de geração de renda.
De acordo com Millennium (2005), as pesquisas sobre os
serviços ecossistemicos mostram que “apesar de muitas pessoas se beneficiam das
ações e atividades que levam à perda da biodiversidade e mudanças nos
ecossistemas, os custos suportados pela sociedade de tais mudanças é muitas
vezes maior”, levando algumas pessoas a experimentar um declínio em matéria de
bem - estar. Ainda, ressalta que as pessoas pobres, são mais diretamente
dependentes da biodiversidade e dos serviços de ecossistemas e por isso, são
mais vulneráveis à sua degradação.
Segundo Bryant (1997), “uma das formas de identificar
razões para crer em conservação da biodiversidade é olhar para o que derivam da
diversidade biológica, e que nós vamos perder como resultado da extinção de
espécies.” Por outro lado, muitas pessoas já reconhecem o valor intrínseco da
biodiversidade, sendo que isso não pode ser avaliado em termos economicos
convencionais.
“A perda da biodiversidade é importante por si próprio porque a biodiversidade tem valores culturais, porque muitas pessoas atribuem valor intrínseco à biodiversidade, e porque ela representa opções inexploradas para o futuro” (Millennium, 2005).
Referências
Bibliográficas
BBC 2003, Banana
pode estar extinta em 10 anos, afirma cientista, acessado em 24 de março de
2013, http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/030116_bananacb.shtml
Bleier R n.d., The
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The International Society of Malthus, acessado em 24 de março de 2013, http://desip.igc.org/malthus/
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Bryant P J 1997, Biodiversity and conservation: a
hypertext book. Peter
J. Bryant.
Dufek R de G 2011, "B"
"banana" bonanza in Africa, acessado em 24 de março de 2013, http://diverbeck.blogspot.com.br/2011/01/b-banana-bonanza-in-africa.html
Jornal da Ciência 2003, Cientistas prevêem extinção da banana, acessado em 24 de março de
2013, http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=7323
Millennium Ecosystem Assessment 2005, pp. 1-41. In Ecosystems and Human Well-being:
Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, D.C.
Rothman P 2009, Banana
seria combustível na África, acessado em 24 de março de 2013, http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/banana-seria-combustivel-na-africa-31102009-7.shl
Toda Fruta n.d., Normas
de Classificação - Banana Musa Spp, acessado em 24 de março de 2013, http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=14865
Worldometers 2012, População Mundial e Alimentação,
acessado em 24 de março de 2013, http://www.worldometers.info/br/