A
conservação da natureza geralmente tem como foco principal a conservação da
biodiversidade, porém, cabe lembrar que a biodiversidade é dependente da
geodiversidade e por isso, para que a conservação da natureza seja bem sucedida
é preciso integrar a bioconservação com a geoconservação (Sharples, 2002).
A
geoconservação pode ser definida como as ações tomadas para conservar e
melhorar as características geológicas e geomorfológicas, processos, sites e
espécimes (Burek & Prosser, 2008). Dessa forma, a geoconservação reconhece
a importância dos componentes não vivos do ambiente natural para a conservação
da natureza, sinalizando a necessidade de uma gestão adequada para esses
recursos (Sharples, 2002). Entretanto cabe compreender que o foco da
geoconservação ultrapassa a proteção de funcionalidades aos seres humanos e
inclui o objetivo de manter os processos ecológicos naturais, cuja abordagem
está centrada em evitar ou minimizar a degradação de forma a proteger os
valores naturais e intrínsecos dos recursos, não apenas os valores utilitários (Sharples,
2002).
O
objetivo da geoconservação consiste na conservação e gestão do patrimônio
geológico e dos processos naturais a ele associados (Pereira, Brilha &
Pereira, 2008; Brilha, 2005). De acordo com Sharples (2002), o objetivo é de manter
significativos exemplos representativos da geodiversidade, cuja manutenção dos
processos naturais ocorra de forma a manter a sua capacidade de mudar e evoluir
de forma natural (taxas naturais e magnitudes de mudança).
A
plena integração da geodiversidade em amplos programas de conservação da
natureza é premissa para a conservação dos valores e da sustentabilidade dos
ambientes naturais (Sharples, 2002). De acordo com Burek & Prosser (2008), são
exemplos de geoconservação as ações realizadas com o intuito de conservar, como
uso de políticas e legislação relacionadas à conservação, ações voltadas ao
aumento da consciência para gerar apoio, gestão local e auditorias de
conservação. Ainda, ressalta que é vital reconhecer as contribuições locais nas
origens da geoconservação. Outras questões, abordadas por Pereira, Brilha &
Pereira (2008), é que os planos de ordenamento de território devem considerar cada
vez mais os locais com valor geológico como potenciais recursos a promover e a
necessidade de que cada cidadão defenda a integridade do patrimônio geológico,
ou seja, do conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa dada
área. Segundo Brilha (2005), a necessidade de conservar um geossítio é igual à
soma do seu valor mais as ameaças que o mesmo enfrenta.
De
acordo com Gray (2005), os diferentes elementos da geodiversidade precisam ser
protegidos e gerenciados de diferentes maneiras, reforça que a geodiversidade
deve ser respeitada dentro e fora das áreas protegidas e cita algumas
abordagens para a geoconservação: conter fisicamente a aproximação de visitantes
aos locais sensíveis; comprar locais com o objetivo de manter o seu valor de
conservação da natureza; criação de área protegida com legislação específica;
educação e documentação cientifica; elaborar, implementar e atualizar o plano
de gestão da conservação, entre outros.
Brilha J 2005,
Patrimônio Geológico e Conservação: A Conservação da Natureza na sua Vertente
Geológica, Braga, 190p.
Burek C V & Prosser C D
(eds) 2008, The History of
Geoconservation, Geological Society, London, Special Publications, 300, 1–5.
Gray M 2005, Geodiversity
and Geoconservation: What, Why, and How?
The George Wright Forum, Vol.
22, N° 03, pp.04-12.
Pereira D, Brilha J & Pereira P 2008,
Geodiversidade – Valore e Usos, Universidade
do Minho, Braga.
Sharples C 2002, Concepts and principles of geoconservation,
Versão 3, Tasmanian Parks & Wildlife Service website.